Por que eu amo meu cabelo e odeio meu corpo?



Esses dias eu falei pro meu marido que eu queria amar meu corpo como eu amo meu cabelo. Eu sei que parece uma ideia simples, mas deixa eu explicar: eu passei anos sem gostar muito do meu cabelo, e sempre quiz ter o cabelo de outras pessoas, eu também não cuidava dele e achava que ele só ficava bonito se eu escovasse, pra completar ele sempre teve quedas, e eu tenho uma calvice leve na parte da frente e quando meu cabelo está caindo muito ela fica mais evidente, meu cabelo tem o fio leve e fino, mas não tem uma forma definida, na frente "capelinhas"- como chamamos na minha terra de , minha nossa senhora dos cabelos eu poderia ficar o dia inteiro descrevendo os defeitos do meu cabelo que passei a conhecer muito bem nos últimos dois anos, mas eu quero falar de outra coisa. Quando meu segundo filho nasceu, eu paguei a lingua e fiz uma progressiva, meu cabelo ficou sem volume, mas era liso, meu marido sempre gostou de cabelo liso e eu estava gostando da ideia de não ter trabalho, acontece que eu mantive meu cabelo curto por alguns anos e agora queria deixar crescer e toda vez que ele chegava no ombro, perdia a beleza(as pontas ficavam finas e…), e eu cortava novamente. NÃO ESTAVA FUNCIONANDO. Ai vem a moda de assumir o cabelo natural e depois de umas 2 tentativas frustradas eu tomo coragem, pra resumir a BAGACEIRA TODA, passei pela transição(fiz dois anos sem química agora em agosto), encarei o desafio de conhecer melhor meu cabelo, passei a entender que eu NUNCA vou ter o cabelo de fulana, e que existem CORTES e TAMANHOS que melhoram minha fisionomia e nem TUDO é pra mim, mas que SIM, eu tenho um cabelo lindo e se ele for cuidado com amor, ele vai se tornar a melhor versão dele mesmo. 

Alguns dias meu cabelo esta horrível(e eu sei disso), alguns dias ele tá lindo(eu também sei disso), algumas vezes eu escovo, outras fico dias e dias poupando o cabelo das quenturas desnecessárias, e absolutamente, NÃO IMPORTA O QUE MEU MARIDO OU QUALQUER OUTRA PESSOA PENSA SOBRE MEU CABELO, isso simplesmente não me afeta mais. É aquela conhecida frase “quando eu me aceito, eu me liberto do peso de precisar que você me aceite”, e viver esse frase é infinitamente melhor que escreve-la. E se voce está lendo esse texto (quase livro), e já passou por alguma experiência de aceitação, você sabe a que me refiro… 
Mas amiga, o ser humano é complicado, e mesmo sabendo os passos, e racionalizando, não funciona como matemática, não existe uma formula e se existisse eu nunca fui boa em matemática mesmo.

Aproximadamente 15 anos, é o tempo de comecei a odiar meu corpo, antes disso tem muita historia, talvez até os 15 eu tenha ouvido e visto coisas que facilitaram essa relação terrível com meu corpo, mas essa historia realmente daria um livro e eu quero muito concluir meu pensamento hoje, se você como eu, foi afetada por esse conto de fadas que inventaram sobre o corpo perfeito esse texto é pra você. Hoje, eu estou no auge dos meus 30 anos e entendi que ser magra não é a solução, ENTENDI, racionalmente, mas tem algo que eu queria realmente entender, é porque eu acordo pensando nos quilos que engordei e durmo pensando em como na manhã seguinte eu começo minha dieta, eu queria entender por que com 30 anos na cara, eu seguro o choro por causa de um comentário sem noção ou porque vi meus braços gordos em algum ângulo de uma foto qualquer, ou porque eu tenho medo de sair de férias e medo dos que as pessoas vão pensar de mim porque eu tô gorda. Eu queria entender porque eu me sinto presa a tudo isso, mesmo sabendo que alguém(uma galera mesmo) colocou isso na minha cabeça. Mesmo tendo um marido que, cara, meu marido faz questão de me mostrar e até desenhar se for preciso que sou linda e suficiente pra ele. Eu não entendo, mas sabe o sentimento de liberdade sobre meu cabelo? Eu quero muito sentir a mesma coisa sobre meu corpo. Eu quero tanto não me importar com o que mundo pensa, eu quero me livrar de mais esse fardo. E apesar de achar que isso tá bem difícil hoje, eu sei que vou chegar lá, eu vou. E se eu puder levar você comigo, eu levo com todo meu amor!


Concluo minhas palavras com o desejo enorme que elas cheguem a quem precisa, que seja de alguma forma uma ajuda, pra doer menos, ou pelo menos dar uma trégua nessa guerra que é tentar encaixar num PADRÃO que não é seu! 
meu cabelo nos seus piores dias
continua sendo meu
não me abalo

Comentários

  1. Adorei! Entender a si mesmo é uma busca diária, eu nem amo meu cabelo e nem amo meu corpo, porém tem dias que eles me deixam feliz! Preciso viver com isso!

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  2. Que texto mais MA-RA-VI-LHO-SO! Essa é uma questão constante entre tantas mulheres. Parabéns Laís!

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    1. Simmm... se a gente for parar pra pensar... desde sempre aprendemos que devemos agradar os outros!

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  3. Simmmm Mônica! A gente precisa aceitar, o amor vem depois! Já aceitei meu cabelo, por isso que hoje eu amo, já meu corpo 😂😂😂, não é fácil, mas... a gente consegue! ☺️

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  4. Laís, seu texto é uma grande reflexão sobre o fato de se aceitar, se amar do jeitinho que é. Mas eu acredito em uma percepção diferente, não sei se entendi errado. Mas se vê em um corpo diferente, em uma melhor versão não é errado, entendo que se o que se quer é possível de ser conquistado vale a pena tentar, e não tentar se aceitar em algo que não está fazendo bem, ninguém tem que ser como está só porque a sociedade diz que você é assim e você tem que ser assim, querer algo a mais é errado, você é "gordinho" "fortinho" "fofinho" "não está no peso de antes" e você tem que ser assim e aceite-se como você é.
    Dormir e acordar pensando em perder uns kgs, idealizando vestir uma roupa de outro tamanho, não é errado, a gente que tem essa percepção que querer mudar é errado, é vaidade.
    Um trabalho que envolve aceitação é quando não se pode mudar! É aquela condição e ponto final, por ex: tenho que aceitar que meus olhos são castanhos, que minha pele é branca. Mas intervenções naquilo que não sai da nossa cabeça e compreendemos que seríamos muito mais felizes se fosse diferente são saudáveis e lutar por elas mais ainda.
    O corpo que estou no momento não é a minha melhor versão, e eu sei que ele é passível de ser moldado e eu tenho essa condição, então eu acredito em deixar as desculpas de lado tentando aceitar o que não me faz bem e buscar estratégias pra conseguir modificar o que não está totalmente em nexo para mim, é tomar gosto pela minha alimentação, acordar sem pensar muito as 5 da manhã para fazer exercício porque é o momento que tenho... não sei se tenho entendido errado suas colocações, mas na minha opinião não aceita, não se conforma, se você se vê mais feliz mais magra, luta por isso. Corpo é muito mais que vaidade.
    Desculpe qualquer colocação que seja errada a um ponto de vista que a gente tem que se aceitar a todo custo, mas estamos aqui para dividir opiniões, não sei se a minha ficou clara, massss...

    ����

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    1. O problema não é querer uma melhor versão... até porque usando o exemplo do meu cabelo, eu falei sobre isso, e estou buscando a melhor versão pra ele! O problema é muito maior. Dormir e acordar pensando em ser mais magra é um problema sim, porque minha vida e minhas satisfações pessoais girarem em torno do meu peso é uma doença, esse texto é uma ponta de um icebergue, meus sentimentos de insastisfação comigo mesma são fruto de uma sociedade doente que prega um corpo perfeito e eu não sou a única! Eu sou uma pessoa saudável, eu dou prioridade a alimentos saudáveis, há muito a melhorar, mas eu lhe digo com toda certeza que a primeira coisa que preciso fazer por mim mesma é não pensar no que os outros acham de mim e sim no que eu quero pra mim! Não vou deixar de ter objetivos pessoais, mas repito, meu primeiro objetivo será me livrar dessa pressão invisível em ser magra, aí depois disso eu serei livre pra refletir sobre os próximos passos! ❤️ Obrigada pela participação! Caso você tenha indicações de artigos e perfis que possam me ajudar estou à disposição pra receber 😘

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  5. Acho que agente nunca se acha boa o bastante. É uma questão de olhar o copo pela metade sempre pelo angulo do copo meio vazio que precisa ser completado pra ficarmos felizes. Temos dificuldade pra olhar esse mesmo copo como "olha o quanto ja conquistei" Demora um tempo pra percebermos que não somos felizes o tempo todo com tudo. E não tem nada errado em se achar imperfeito. Estranho seria se a todo momento nos achassemos plenos. Todo copo que enche demais transborda, será esse o proposito de nossa vida? a plenitude? Acho que temos muito o que aprender nessa existência e nossas imperfeições é uma forma de aprender, de termos empatia pelos outros e de nos percebermos tão humanos e faliveis como qualquer outro e tudo bem se for assim.

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